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"Nova" poupança perde da inflação

Caderneta com novas regras rendeu menos que o IPCA, enquanto a poupança "antiga" teve ganho real de 0,6%, o menor desde 2004

Autor: Luiz Guilherme GerbelliFonte: Estadão

O resultado da inflação supe­rou em muito o rendimento da poupança, aplicação mais popular do País. Em dezem­bro, por exemplo, o IPCA de 0,79% ficou bem acima do de­sempenho na nova poupança (0,413%) e da antiga (0,50%).

Em 2012, o País enfrentou um cenário macroeconômico inco- mum. A taxa básica de juros caiu, enquanto a inflação aumentou. O resultado foi que a nova pou­pança perdeu da inflação entre setembro e dezembro.

Em relação ao desempenho da poupança antiga, um levanta­mento da Economatica divulga­do ontem mostrou que a rentabi­lidade nominal no ano passado foi de 6,47%, a mais baixa em 46 anos. O rendimento real (des­contada a inflação) foi de 0,60%, o menor desde 2004.

O novo cálculo para o rendi­mento da poupança começou a valer para depósitos realizados a partir de 4 de maio. A nova renta­bilidade está atrelada a 70% da Selic e vale no cenário em que a taxa de juros estiver em 8,5% ou menos. Para os depósitos realiza­dos antes dessa data, continua o rendimento mensal de 0,5% mais a Taxa Referencial (TR).

Atratividade. A mudança na forma de tributação não tirou a atratividade de poupança. Pelo contrário. De maio até dezem­bro, a captação foi de R$ 45,6 bi­lhões, segundo o Banco Central. ;Em todo o ano passado, a capta­ção foi de R$ 49,7 bilhões. O va­lor apurado superou o recorde anterior, de R$ 38,7 bilhões em 2010 e ficou 250% acima do resul­tado de 2011 ( R$ 14,2 bilhões).

:    Apesar   do aumento,      houve

queda nos rendimentos credita­dos no período. Os recursos que foram depositados na poupança renderam 2% menos do que o ve­rificado em 2011. "À poupança continua competitiva, apesar de todas as mudanças", afirma Fá­bio Colombo, administrador de investimentos. A grande vanta­gem da aplicação é não ter co­brança de Imposto de Renda e taxa de administração. Além dis­so, a aplicação está garantida em até R$ 70 mil pelo Fundo Garan- tidor de Crédito (FGC).

É importante lembrar que a redução da taxa básica de juros da economia também afetou os fundos mais conservadores, co­mo os Dl e de renda fixa. "Esse recorde na captação da poupan­ça não veio somente de pessoas de baixa renda, sem acesso a ta­xa de retomo maior. A poupan­ça passou a ser uma boa alterna­tiva com essa redução dos ju­ros", diz Miguel de Oliveira, vi­ce-presidente da Associação Na­cional dos Executivos de Finan­ças, Administração e Contabili­dade (Anefac).

Com a taxa de juros atual em 7,25% ao ano, a nova poupança tem um rendimento superior aos fundos que cobram taxas de administração acima de 1,5% ao ano, mostra um estudo da Ane­fac. A poupança antiga continua imbatível e é melhor do que to­dos os fundos de renda fixa. "Na­da ganha da poupança antiga. Ela é imbatível", diz Oliveira.

Na avaliação de Ricardo Rocha, professor do Insper, a elevada cap­tação da poupança é fruto da preocupação do brasileiro em poupar, sobretudo no cenário em que a inadimplência teve forte alta em 2012. "Eu acredito que a alta do endividamento e da inadimplên­cia fizeram a família ter um pouco mais de preocupação com relação a guardar dinheiro. Além disso, para quem começa com pouco, a sugestão mais comum é sempre ir para a poupança."

Pesquisa. O fim do ganho fácil com juro tem de levar o brasilei­ro a pesquisar e a estudar novas modalidades de investimentos, alertam os especialistas. "Há uma falta de conhecimento com os investimentos", afirma Mau­ro Calil, educador financeiro. Co­mo uma das alternativas para a poupança, ele sugere, por exem­plo, o Tesouro Direto ou o CDB de bancos médios. "No caso do CDB, você consegue fazer aplica­ção a partir de R$1."