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Intenção de consumo das famílias sobe em setembro

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) subiu 0,9% em setembro ante agosto, para 121,9 pontos, informou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) ontem

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) subiu 0,9% em setembro ante agosto, para 121,9 pontos, informou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) ontem. Trata-se do terceiro resultado positivo consecutivo, o que reflete uma "estabilidade" após a sequência de quedas registrada no primeiro semestre deste ano. Apesar disso, o índice ainda está 3,4% abaixo do observado em setembro do ano passado. 

Para a CNC, a queda no preço dos alimentos e bebidas está entre os motivos que auxiliam na manutenção do consumo das famílias. "A desaceleração no preço dos alimentos e bebidas gera alívio para o orçamento das famílias e, consequentemente, mais espaço para o consumo de outros bens", afirma a instituição, por meio de nota. 

O índice permanece acima da zona da indiferença (100,0 pontos), indicando nível favorável de consumo, mas a confederação pondera que a percepção das famílias ainda não está totalmente recuperada. "É importante perceber que os indicadores seguem mais baixos na comparação com 2013. Este aumento indica apenas uma estabilidade, já que não houve grandes alterações na economia." 

Na comparação mensal, seis dos sete indicadores pesquisados no ICF aumentaram, com exceção de "compras a prazo" (-0,6%), que atingiu o menor valor da série histórica devido ao elevado custo de acesso a crédito. Na base anual, entretanto, apenas o nível de consumo atual sobe (+0,1%), enquanto o momento para duráveis tem o pior resultado (-11,2%). A pesquisa nacional Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é um indicador antecedente que tem como objetivo antecipar o potencial das vendas do comércio a partir das avaliações de 18 mil brasileiros. 

Pontual

A terceira melhora consecutiva no ICF apurada em setembro é pontual e não revela uma tendência, apenas uma tímida recuperação. "O patamar ainda é muito baixo em relação ao ano passado e não há perspectiva de um indicador que vá trazer a confiança a um nível maior até o fim do ano", diz Juliana Serapio, assessora econômica da CNC. 

O elevado custo do crédito e o alto nível de endividamento são os fatores que vêm pesando mais no desaquecimento da intenção de compras a prazo. Juliana destaca que, apesar da estabilidade da taxa básica de juros, a Selic, em 11% ao ano desde abril, os juros à pessoa física continuam em alta. Segundo o Banco Central, a taxa média de juros de operações de crédito para a pessoa física vem subindo desde junho do ano passado (34,8%). Em julho de 2014, o indicador chegou a 43% ao ano. 

O reflexo desse quadro é que o componente de Acesso ao Crédito medido na pesquisa de ICF vem atingindo sua mínima a cada mês. Em setembro, registrou queda de 0,6% na variação mensal, a menor da série histórica, e queda de 5,1% ante o mesmo período do ano passado. 

Para a economista, a piora do Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), da Fundação Getulio Vargas (FGV), que capta a percepção do consumidor a respeito da situação presente do mercado de trabalho, sinaliza que a perspectiva para a criação de vagas não é positiva. Isso reforça a ideia de que a melhora da Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é mais um efeito estatístico do que uma tendência firme. A CNC reduziu sua previsão para o crescimento das vendas do varejo de 4% para 3,7% com base na última divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) pelo IBGE.